quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Preciso de chinelos


Percebi que estava estressada, cansada, sem vida, quando notei que não tirava meus chinelos do armário a mais de 1 mês. “Preciso de chinelos novos!”, pensei. “Esses não vão agüentar muito mais”. Há anos não comprava chinelos, os meus estavam conseguindo acompanhar o ritmo. Mas estavam tão mal acostumados que arrebentaram logo.

Chinelos: Sapatos simples que protegem a sola dos pés. Podem ser de pano, borracha, plástico, couro,até EVA. Há algum tempo deixaram de ser tão simples assim, “as legítimas” com aplicações de cristais Swarovski custam preço de sapatos fechados, geralmente pago por quem não tem tempo de tirar os sapatos.

Sapatos: Uma invenção maravilhosa que diz muito da personalidade da pessoa, fazem parte significante da moda carregando histórias dos países, transformando um look, diferenciando. Marcam também as diferentes culturas.

Os japoneses tradicionais usavam chinelos, talvez por isso fossem tão calmos. Na Av. paulistas vemos um enorme desfile de scarpins altíssimos, lindos, refinados, nada confortáveis, e pessoas estressadas.

Se você acha que não tem nada a ver, pense na relaxante cena do trabalhador chegando em casa, sentando em uma poltrona e calçando seus chinelos. Ela não é vã. Pelo contrário, representa o merecido descanso no fim do dia. O descanso para os pés, para o corpo, representa o aconchego, o prazer de voltar pra casa.

Sem termos tempo de calçá-los, levamos os chinelos para a moda, transformando-os em chics. Mas continuamos cansados.

Hoje aprecio o prazer de chegar em casa e calçar meus chinelos, ou pantufas, de comprá-los, mesmo que o preço esteja cada vez mais alto. No mundo que diz ser o tempo dinheiro, paga-se caro pelo pouco uso do descanso.

Retirei meus chinelos do armário e apreciei o merecido descanso. Hoje, pra ser sincera, eles nem voltam pra lá. Mas as férias estão acabando, os chinelos voltaram a ser raros, como o tempo, como o descanso, como o dinheiro que faz com que o deixemos no esquecimento.

VISITEM!!!

Em 2008 o Fome de que? volta com tudo...Não deixe de visitar!!!
www.vocestemfomedeque.blogspot.com

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Pequi


"Num guento ess chero di piqui!!!" A mineira exclama olhando pra mim, como se eu fosse a responsável pela banquinha instalada na calçada.

Justo eu!Lembro que quando era criança, passava pelas ruas de Anápolis(GO) reclamando do cheiro que tomava conta da cidade quando os camelôs resolviam se instalar no centro, um, ou mais, em cada esquina.

Pequi: Fruto típico do cerrado, verde por fora, amarelo por dentro, um bonito amarelo bem brasileiro. Perfume marcante, assim como o gosto meio adocicado.

Conta a lenda que o fruto surgiu da tristeza de uma mãe que teria de enviar o filho à guerra, então, Cananxiué, o deus deles, ao vê-la em prantos abaixada diante das pegadas do filho diz:

Das tuas lágrimas nascerá uma planta que se transformará numa árvore copada. Ela dará flores cheirosas que os veados, as capivaras e os lobos virão comer nas noites de luar. Depois, nascerão frutos. Dentro da casca verde, os frutos serão dourados como os cabelos de Uadi. Mas a semente será cheia de espinhos, como os espinhos da dor de teu coração de mãe. Seu aroma será tão tentador e inesquecível que aquele que provar do fruto e gostar, amá-lo-á para jamais o esquecer. Como também amará a terra que o produziu. Todos os anos, encherei, generosamente, sua copa de frutos, que os galhos se curvarão com a fartura. Ele se espalhará pelos campos, irá para a mesa dos pobres e dos ricos Quem estiver longe e não puder comê-lo sentirá uma saudade doida de seu aroma. Nenhum sabor o substituirá. Ele há de dourar todos os alimentos com que se misturar e, na mesa em que estiver, seu odor predominará sobre todos.

Na culinária goiana é tradicionalmente preparado com arroz, ou frango, ou os dois juntos, dando um belo colorido ao prato. Aos poucos o pequi ganha o mercado em forma de licores, óleos, compotas doces e salgadas, e outras invenções como sorvete.

Pra mim pequi é goiano, e não adianta me dizer o contrário. Por isso é muito bom encontrar na ruas de BH (MG), e até de São Paulo. Sim a maior cidade do Brasil se rendeu aos encantos do fruto do cerrado. O centro da capital paulista está repleto de banquinhas, como as de Anápolis, em busca de conquistar consumidores. Da mesma forma, o perfume emana pelo ar, vê-se paulistas fazendo careta, ou maravilhados, vê-se olhos curiosos diante da casca verde com recheio amarelo, vê-se o meu Goiás presente em SP.

Hoje, aquela que reclamava do cheiro, tem orgulho dele. E ao senti-lo quase chora. De saudades da terra, quando pode ter um pedacinho dela mesmo estando longe, e de emoção, pois agora, todos vão saber um pouco mais da cultura desse nosso grande Brasil, que é belo em cada canto como em Minas, São Paulo e Goiás.

Atenção paulistas! Muito cuidado ao experimentar o pequi. Se morder, vai conhecer a ira de um goiano...hehe. Dentro do fruto encontran-se espinhos, por isso, pessam ajuda de quem conhece antes de esperimenta-lo, ou tentar morder.

Lenda do pequi: http://www.altiplano.com.br/Pequi6.html

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Mais um dia de chuva


Chove. Enfim vai refrescar um pouco!
A sensação de alívio passa rápido. Corro, procuro um lugar para me abrigar, entro em uma lanchonete, saco o guarda-chuva da bolsa e sigo meu caminho até o ponto de ônibus reclamando da força da água e de como ela insiste em molhar mesmo com guarda-chuva.

Chego em casa ensopada, louca pra tomar um banho morno e descansar, o transito sempre piora em dias chuvosos.Mais tarde, vou me deitar ao som da água tamborilando na janela, nada melhor!

Chove. Enfim vai refrescar um pouco!
A primeira reação que tem é de alegria. O garoto dança, pula, se diverte. Há tempos não tomava um banho. É então que se lembra: não tenho outra roupa, e corre a procura de um abrigo. Não consegue entrar na lanchonete, tão pouco em outros lugares, não tem uma bolsa de onde tirar um guarda-chuva. Conforma-se com o banho obrigatório.

A noite chega. Ainda úmido, busca agora um lugar protegido para se deitar, com certeza vai chover de madrugada.

Fica radiante com a idéia de passar a noite na cabine de caixa eletrônico, nunca havia entrado ali. Apertado, procura uma forma de se acomodar sem atrapalhar seus amigos que também pretendem pousar ali, uns dez. Mesmo sem espaço, molhado, com frio, com fome, finalmente consegue adormecer, pelo menos, até passar o próximo policial.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Coração De Pedra


Letra e música: João Alexandre


"Ali é o lugar ideal pra quem quiser se esconder e ser
mais um na multidão
Ali é onde os homens se abraçam mas na hora de pagar o
preço, lavam as mãos
Ali é onde todos se encontram mas acabam se perdendo
por achar que são invencíveis
Ali não há lugar pra tristeza, pra angústia, pra dor
ou pra gemidos inexprimíveis

DEUS NÃO HABITA MAIS EM TEMPLOS FEITOS POR MÃOS DE
HOMENS
DEUS NÃO SERÁ JAMAIS ACORRENTADO ÀS PAREDES DE UMA
RELIGIÃO
DEUS NÃO HABITA MAIS EM TEMPLOS FEITOS POR MÃOS DE
HOMENS
DEUS NÃO SERÁ JAMAIS ENCLAUSURADO NA ESCURIDÃO DE QUEM AINDA TEM UM CORAÇÃO DE PEDRA

Ali ninguém conhece a essência, tão somente a
aparência de viver em comunhão
Ali é onde os loucos se entendem, onde os sábios se
prendem ao valor da tradição
Um falso paraíso presente, um fanatismo distante, um
cristianismo sem direção
Ali é onde todos proíbem, onde todos permitem, onde
são assim, nem "SIM" nem "NÃO"

Que vença, mesmo que haja desavença, todo aquele que
repensa na crença da onipresença de Deus
Sejamos coerentes, transparentes, reluzentes,
conscientes, todos crentes que somos os filhos seus
Na rua, no trabalho, na escola, na loja, na padaria,
no posto, na rodovia, na congregação
Que haja em nós o mesmo sentimento: que Deus habite em
nosso coração!"

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Qual a simbologia de um elevador?


Não foi a primeira vez que sonhou comigo, lembro de ouvi-la narrando alguns sonhos. E como os torna interessantes na maneira de descreve-los!
Quase nem nos vemos mais, pouco falamos, são raras as conversas de corredor. Interesses diferentes foram afastando aos poucos amigas que estavam sempre juntas no começo da faculdade.
Ela conta que a caminho do trabalho deveria pegar um elevador que a conduziria para sua nova sala no andar de cima, mas este só a levava para baixo. O inferno! Desesperada lutava para subir, e mentalizava, mentalizava...até que conseguia. Ao chegar no andar de cima, lá estou.
Ouço alguém dizer, “Acho que a Talita vai pro céu”. Penso: “Sim, Graças a Deus por isso!”
Sinto que o momento não era propício para tal afirmação que geraria mais uma daquelas infinitas discussões teológicas que sempre ocorrem em torno de mim, mas estávamos em aula.
Mas e quanto ao sonho? E quanto ao elevador? E porque eu estava em cima?
Não sei o fim da história, não sei onde ela foi parar. Céu? Ela nunca disse que eu estava no céu, estava apenas no andar do trabalho. Por que só teria o inferno em seu sonho?
Senti uma pontinha de inveja do profeta Daniel, que era capaz de interpretar sonhos. Será que Deus ainda nos manda mensagens em sonhos? Acho que não...
E essa mensagem foi pra quem afinal? Pra mim ou pra ela?
Céu, inferno, descendo ou subindo...trabalhando...
Vejo que preciso de sabedoria para saber agir nesses momentos. Mesmo em aula.
Para que todos saibam que Ele é Deus!
Para que todos saibam que só uma pessoa poderia ajudar aquele elevador a subir, e não era eu.
Pra que todos saibam que sem Jesus eu não iria para o céu...E que o amor dEle é tão grande que Ele se entregou para que não fossemos levados ao inferno.
Para que todos saibam que crer nisso não é ser conservador, que crer não é retroagir.
Para que todos saibam que se entregar a Cristo é pensar e não se esconder atrás de rótulos.
E que saibam e sintam a paz que isso dá...A paz que os filósofos não encontram, nem as bebidas, nem mesmo a revolução.
Com Ele, o elevador jamais desceria...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Dando voz à Democracia


Imaginemos que a democracia tivesse voz...Imaginemos que fosse uma pessoa...
Será que sairia estampada em revistas de fofoca? Será que estaria na mídia em programas de auditório?
Como reagiria ao modo como a tratamos?
O que pensaria? O que falaria?


Preciso de mim

Cansei! Cansei de movimentos que usam meu nome por destaque na sociedade, na mídia, mas que não me usam. Não aguento mais ser a responsável por tudo o que acontece no mundo político e social. Sou ré sem voz, sem defesa, sem culpa.

Sempre me reclamam, me gritam, me instigam, me procuram para ajudar. E eu? Estou lá, ora impedida (por eles), ora livre para atuar, mas estou lá. E o que eles fazem? Abusam de mim. E quem leva a culpa? Eu.

Se eles que me querem, me usam, me abusam, por que sou a culpada? Por que sobra pra mim?

Se o senador é acusado por seus erros, a culpa é minha por permitir a liberdade da imprensa. E se ele se safa, a culpa volta para mim por permitir que um Senado, eleito por eles (graças a mim), o absolva. Paciência! Minha função não é dominar as ações deles.

Se são corruptos, insanos, se não fazem bom uso do que lhes proporciono, não cabe a mim resolver seus problemas. Ou cabe?

Bem que tento. Permito que falem, que saiam às ruas, que lutem, briguem. Mas são uns acomodados, e os que me buscam são poucos e excluídos, chamados de rebeldes, loucos, utópicos. A sociedade não me deixa trabalhar.

Sinto falta do meu papel de heroína, da luta que tinham para que eu pudesse atuar, de como me queriam, mesmo que pouco diante do nada, e me usavam com dignidade.

Sinto falta de fazer parte de uma sociedade que lutava por reais ideais, pelo todo. Não quero os holofotes, nem as capas das revistas de celebridade, não quero fazer parte do sensacionalismo, nem da fama de ninguém. Quero apenas existir e trabalhar, mas que eles saibam trabalhar comigo, que me normatizem, que não me usem em função de um ou outro, mas em função do todo.

Ass: Democracia